Venerável Madre Tereza Margarida Nossa Mãe

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Notícias mosteiro › 04/04/2017

A Vivência de “Nossa Mãe” na Quaresma

A Quaresma no CARMELO é algo único. Só quem experimenta pode dizer.

Nossa Mãe vivenciava intensamente todos os tempos litúrgicos da Igreja. Mas o tempo da quaresma, que culmina no ápice de nossa fé, o Mistério Pascal, era por ela vivenciado de maneira toda especial.

Durante a quaresma não recebemos visitas e não há atendimentos nos locutórios. Quanto possível, fecham-se os locutórios na Quaresma. É o tempo de maior silêncio, oração, recolhimento. Somente em casos muito especiais a Priora leva, durante a quaresma, a comunidade ao locutório.

Durante a quaresma fazemos a abstinência da carne e rezamos a Via Sacra, em Comunidade, nas quartas e sextas-feiras e durante a Semana Santa rezamos todos os dias.

No Domingo de Ramos temos o costume antiquíssimo, vindo do Carmelo francês, de oferecer um almoço para uma família pobre. Nossa Mãe era muito cuidadosa nesse ponto.

Na Segunda-feira Santa na hora da Oração da Tarde, fazemos a Cerimônia da Unção de Jesus em Betânia. É a unção da Alma Contemplativa. A censura que foi feita contra Maria, é a mesma que nos fazem hoje: “Que desperdício!!! Poderia dar-se isto aos pobres”. Então, este Evangelho, lido neste dia, é muito significativo para nós contemplativas. Transformamos um costume antiquíssimo, do Carmelo francês, numa Cerimônia muito nossa.

Na terça-feira Santa nosso Carmelo honra de um modo especial a Santa Face de Jesus. Fazemos-Lhe uma homenagem de reparação, de adoração, de ação de graças. Expomos o quadro do ‘milagre’, que tem sua história, para nós, muito significativa.

Quarta-feira Santa expomos a Virgem Dolorosa e rezamos a Coroa das Dores de Maria. E já nos preparamos para a 5ª. Feira Santa, dia do Amor Maior. Toda a casa é belamente ornamentada para essas paraliturgias e cerimônias especiais.

Na 5ª. Feira Santa participamos da Santa Missa do Lava-pés e do Translado do Santíssimo. Passamos a noite toda em vigília a Nosso Senhor.

Na Sexta-feira Santa, o Ofício Divino Solene (é o antigo Ofício de Trevas) inteiramente.

Guarda-se o máximo de silêncio e recolhimento. Jejum da Igreja e o máximo jejum do Carmelo.

Às 3h da tarde, hora em que Jesus expirou na cruz, as Irmãs fazem a grande prostração. Participamos da Ação Litúrgica.

Desde o fim da tarde de Sexta-Feira Santa, expõe-se num altarzinho no coro, a relíquia do Santo Lenho com uma lamparina.

O Sábado Santo é o dia de luto na Igreja. Dia de maior silêncio e recolhimento no Carmelo. Cada Irmã passa esse dia em muita união com Nossa Senhora, Mãe desolada. Expomos a sua imagem no Coro.

Passamos o Sábado Santo nos preparando para a grande Vigília Pascal. Após a Solene Celebração levamos, em procissão, o Santíssimo para o Oratório. Abrem-se as licenças, ou seja, os dias de festa da Oitava da Páscoa. Fazemos uma Ceia festiva, desejando os melhores votos de Santa Páscoa.

Durante a Oitava Pascal rezamos Laudes e Vésperas de capa. Tomamos como lema magnífico, nesta semana: “CRISTO RESSUSCITOU. NÃO MORRE MAIS. PROCUREMOS AS COISAS DO ALTO”.

Nossa Mãe vivenciava tudo isso com uma profunda devoção e piedade. E sempre repetia para nós: Quanto mais vivermos espiritual e liturgicamente a Semana Santa, melhor viveremos a Páscoa”.

Ela mesma despertava a Comunidade com um canto apropriado para os dias da Semana Santa, para que a Comunidade, desde o amanhecer, já entrasse no grande mistério celebrado. Queria que tudo fosse preparado com o maior esmero e cuidado possíveis. Era muito zelosa das coisas sagradas e muito fiel aos ensinamentos da Igreja, sobretudo nas questões litúrgicas. As melhores toalhas, tecidos, vasos sagrados, flores e outros ornamentos, ela queria e exigia que fossem usados nessa Semana. Ela mesma vibrava com tudo e elogiava muito o bom gosto das Irmãs.

Ensinou-nos também a rezar ainda mais pelos Padres e oferecer todos os sacrifícios, sobretudo durante esse tempo nos quais os trabalhos são muitos e o cansaço é maior.

Nossa Mãe vivenciava a quaresma preparando-se bem para a Santa Missa meditando as leituras durante a oração da manhã, e confessando-se com muita frequência.

Tudo isso aprendemos e procuramos colocar em prática.

Lembro-me de vê-la adiantar-se para enfeitar o Claustro para a Procissão de Ramos. Quando suas forças permitiam, ela mesma saia no jardim para colher folhes e colocar aos pés do Crucifixo e por onde iria passar a procissão. Pequenos gestos feitos com tanto amor!

Outro traço marcante da Nossa Mãe nesse período era o seu zelo pelo canto. Desejava que os cantos fossem bem ensaiados, pois dizia que a Missa era o cume, o ponto alto da vida de uma Carmelita e que não podíamos nunca descuidar disso.

Enfim, para nós que convivemos com Nossa Mãe, esse período nos traz fortes lembranças. É como se ela tivesse penetrado na ALMA DE CRISTO e tivesse se identificado totalmente com Ele. Era uma com Ele.

São suas essas palavras:

“Ó Face adorável de meu Jesus, esplendor do Pai, espelho de sua santidade e majestade, manifestação de sua glória aos homens.

Eu vos adoro e vos amo no aniquilamento de vossa Paixão.

Basta olhar-Vos: olhos serenamente fechados, boca pacificamente cerrada – nem um franzir de lábios denota amargura – para proclamar vossa divindade.  Divindade que abraçava a morte livremente com quem é dono dela e a domina. Divindade que deu licença à morte para se aproximar, porque queria tirar-lhe o fel e fazer dela um instrumento de paz, redenção, amor.

Ó Face adorável, eu beijo vossos olhos fechados e vossa boca cerrada, aí deponho minhas distrações, faltas e preocupações.

Em honra de vossa Face quero olhar sempre com bondade o meu próximo e guardar silêncio da caridade”.

 Irmã Maria Elisabeth da Trindade

Carmelo São José 

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