A origem da família teresiana no Carmelo e o sentido de sua vocação na Igreja estão intimamente vinculados ao processo da vida espiritual e ao carisma de Santa Teresa de Jesus; sobretudo às graças místicas que a moveram a renovar o Carmelo, orientando-o completamente à oração e à contemplação das coisas divinas, vivendo os conselhos evangélicos segundo a Regra “primitiva”, em uma pequena comunidade fraterna, fundada na solidão, na oração e estrita pobreza. É o que confere identidade própria ao Carmelo Descalço.
Contribui para o desenvolvimento e esclarecimento do projeto original a experiência mística, com que a Santa penetra e como revive em si mesma a vida da Igreja, suas dores, a nova dilaceração de sua unidade e, de modo especial, as profanações da Eucaristia e do Sacerdócio.
Comovida diante de tais acontecimentos, imprime à sua vida e à nova família do Carmelo um sentido apostólico, orientando ao serviço da Igreja a oração, o retiro e a vida inteira das Carmelitas Descalças. De tal modo que, se sua oração, seus sacrifícios e sua vida não se ordenam ao serviço da Igreja, “ficai certas de que não realizais o fim para o qual vos ajuntou aqui o Senhor”.
Ao realizar a santa Madre o seu projeto, a divina Providência deu-lhe por companheiro São João da Cruz, comunicando-lhe o mesmo espírito. Ambos “lançaram, de certo modo, os alicerces da Ordem”. Constituições, 4-9
O retorno às origens foi a primeira idéia motriz que levou Teresa de Jesus a empreender a Reforma Teresiana em 24 de agosto de 1562. Fizeram uma verdadeira refundação; havendo alcançado as raízes do Carmelo, abriram-no a novos horizontes, respondendo assim aos desafios de sua época.