Venerável Madre Tereza Margarida Nossa Mãe

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Notícias mosteiro › 06/01/2016

Centenário do nascimento de Nossa Mãe – a “mulher teofânica”

285458O que é verdadeiramente humano nem sempre é fácil de ser definido! As justas comemorações do centenário de nascimento da Madre Teresa Margarida do Coração de Maria, a admirável e imorredoura “Nossa Mãe” do Carmelo São José de Três Pontas, nos apontam um acontecimento puramente humano que trouxe a vida de Deus para nós.

A aurora da vida de Nossa Mãe foi como o despertar de uma luz portadora de grandes significados para a vida carmelitana, tão acostumada à contemplação do mistério de Deus que atravessa a tessitura da realidade e também para todos que tiveram a graça de conhecê-la.

Madre Teresa Margarida do Coração de Maria recebeu juntamente com as sacras vestes reservadas às almas puras que foram chamadas para as núpcias com o Amado, um especial despertar para a vida de santidade, que se revelou no desdobrar do tempo, por uma alma cândida, que a todos atraía por sua simplicidade e amor!

As entranhas de humanidade, que Nossa Mãe levava, qual tesouro precioso guardado na fragilidade de um corpo de pequena estatura, irradiava a nobreza dos santos, que só aquelas pessoas de uma têmpera tocada pela verdadeira fé são capazes de transmitir aos caminhantes mais desatentos desta jornada que chamamos existência.

Madre Teresa Margarida tinha o coração presidido pelos sentimentos de Deus e sabia conjugar dois estados permanentes de sua alma: o de discípula e o de mestra. Fazendo valer aquela bem aventurança que sabiamente foi expressa na sentença da memorável poetisa goiana Cora Coralina: “feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.  Só os mestres sabem fazer isso! Uma missão realizada nas coisas ordinárias do cotidiano por esta dileta seguidora da Santa de Àvila e fiel observante das suas regras áureas que fundamentaram a grande reforma carmelitana.

O sorriso que brotava daquele semblante sereno de um ser humano que andava livremente diante de Deus, era como as janelas do céu se abrindo numa angélica acolhida aos peregrinos  vindos de terras distantes. Sua atenção para com o povo era como uma tenda que se estendia  para oferecer o bálsamo divino aos que moravam nas cercanias do Carmelo, que ao cruzar os umbrais entre o conturbado “mundo dos homens” e o chão sagrado onde palmilham as filhas de Santo Elias, podiam, ainda que sem saber, experimentar o toque do sagrado em suas vidas.

Nossa Mãe era uma “mulher teofânica”! O amor de Deus que ela muito bem soube experimentar durante o longo arco da sua vida, desde o berço materno até o seu leito de morte, nos foi distribuído, qual riqueza que esta alma generosa não quis levar para o túmulo. Fez da sua vocação para o Amor a sua “pequena via”, compartilhada com Santa Teresinha do Menino Jesus, como duas confidentes que souberam escrever cada uma no seu tempo e a seu modo a “história de uma alma”, sempre sob o olhar da Beatíssima Virgem Maria, a Senhora do Monte Carmelo.

A envergadura espiritual de Nossa Mãe, reconhecida já durante a sua vida,  nos permitia sentir o perfume de santidade que exalava de seu cotidiano tão dedicado à vida interior junto daquelas que nas celas do Carmelo, na solidão povoada de Deus e também na sua atenção pelas realidades seculares, dos que se dirigiam ao “Tabor” de Três Pontas colheram no coração as sementes do divino através dos sábios conselhos e das fervorosas orações desta mãe espiritual.

Nossa Mãe parecia ver o invisível! E como amiga de Deus traduzia com muita simplicidade os recados do Amado da sua alma aos que partilhavam com esta bondosa matriarca os dramas de suas vidas. Era uma mulher íntegra que tendo a consciência iluminada pela verdade, sabia contemplar o Belo desvelado no coração divino da realidade. Seu testamento espiritual é comprovado pelo grande vulto de sua vida centenária. Mesmo tendo feita a sua Páscoa para plenamente experimentar as realidade paradisíacas do céu, já há 10 anos, continua luminosa a sua imorredoura memória, seu testemunho modelar, sua fé exemplar, os rastros de uma vida santa.

Agora, participando do olhar de Deus sobre mundo, recebe as singelas homenagens de suas filhas do Carmelo e de todos nós como um cântico espiritual que entoamos uníssonos por este Centenário de seu nascimento. É uma data que deve ser comemorada com sentimentos de gratidão e de ação de graças ao Deus da vida pela manifestação do seu Amor entre nós através de Nossa Mãe.

 

Padre Sérgio Roberto Monteiro – Diocese da Campanha – MG)

(Reitor do Seminário de Filosofia Nossa Senhora das Dores – Campanha – MG

Pároco da Basílica Nossa Senhora das Dores – Boa Esperança – MG

 

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